quinta-feira, 3 de outubro de 2019

A SECLA e o seu Laboratório nos anos 1980

A Secla era única fábrica* de produção de louça em faiança que tinha um laboratório. A outra era a de Sacavém que produzia uma faiança feldspática, mas fechou. De resto só as fábricas de porcelana possuíam laboratórios ou embriões de laboratórios.
O LNEC dava algum apoio. Tinha um pequeno laboratório cerâmico, um pouco mais bem equipando do que o da Secla, mas os técnicos não tinham muito conhecimento do que se passava na realidade nas fábricas. Faziam-se aí análises químicas e determinação de Pb e Cd (Chumbo e Cádmio), em louça em contacto com alimentos. 
Havia no LNEC uma máquina de fazer provetes que era a minha inveja, pois no laboratório da Secla os provetes eram feitos numa máquina de picar carne de bancada. Em todo o caso, o pessoal era tão experimentado que provavelmente os provetes feitos na Secla eram melhores do que os do LNEC, porque eram secos com todo o cuidado para não se deformarem. Esses provetes, após completa secagem, serviam para a determinação do módulo de rotura em crú (feita num aparelho rudimentar de partir provetes) e depois em cozido. 
Na década de 70, apenas a Secla fazia o controlo da percentagem de dilatação da pasta e dos vidrados, para controlar o grau de moagem dos materiais rijos, e saber com antecedência se iriam acontecer problemas de desacordo, craquelê ou descasque. Isso era feito num dilatómetro rudimentar, no qual era necessário, de 5 em 5 minutos, fazer leituras da temperatura e da variação de comprimento do provete em análise durante o programa de aquecimento (que demorava cerca de 2 horas).
Na verdade quando o Cencal abriu o seu laboratório (o Cencal abriu o seu Laboratório, sob a minha direcção, na segunda metade da década de 1980), teve uma avalanche de clientes para estas determinações. Os equipamentos eram caros e exigiam pessoal especializado para trabalhar com eles e retirar as conclusões que depois se reflectiam no processo fabril - mais ou menos tempo de moagem dos materiais rijos, mais ou menos temperatura de cozedura da pasta e do vidrado.
Na Secla na década de 70 já havia um forno túnel a gás, de cento e tal metros de comprimento, com vagonas que circulavam sobre carris, que estava ligado todo o ano. Só parava no mês de férias para manutenção. Só vi um forno parecido com este para cozedura de louça de faiança em Espanha, na fábrica da Cartuxa. As cozeduras demoravam 20 e tal horas. 
Lembro-me de em 1980 ter efectuado estudos para a diminuição do ciclo de cozedura. Em 1982 foi possível reduzir este ciclo de aquecimento para 14 horas, o que representou uma considerável economia de energia e do respectivo custo.
De resto as fábricas de dimensão inferior, como a Bordalo Pinheiro ou a Subtil, tinham fornos intermitentes. Na década de 70 estes fornos eram eléctricos, porque a electricidade estava mais barata do que o gás. Depois nos anos 80 os termos dessa relação inverteram-se a e a opção dos fornos mudou para o gaz.
O revestimento isolante de todos os fornos era então em refractário, denso e pesado, com paredes e abóbodas de grande espessura para minimizar as perdas de calor. Na Secla havia também dois fornos de câmpanula, igualmente ingleses. Muito curiosos. Eram intermitentes, e o que se levantava era o corpo do forno. As vagonas eram estáticas. Nunca vi noutro sítio, em Portugal ou na Europa, fornos iguais àqueles. Apesar de tais revestimentos isolantes, o calor na secção dos fornos era insuportável, pelo menos no Verão. Havia sempre mulheres que desmaiavam por causa do calor. Hoje os fornos têm revestimentos leves de fibra mineral, e cozem em meia dúzia de horas.
O que ainda vi em 80 foi os homens a levarem as tábuas com as peças acabadas de conformar ao ombro, como se pode ver na agência do antigo BPA, na Praça da República, um mural feito pelo mestre Herculano Elias representando essa cena. Hoje em dia as peças circulam em passadeiras ou em carros não sendo usual já, poder ver-se um trabalhador com uma prateleira de madeira ao ombro carregada de peças de uma secção para a outra.
De resto, a Secla também foi pioneira no planeamento e na monitorização das encomendas. Nos anos 80 tinha uma secção de planeamento com um quadro magnético onde se podia ver em que ponto do circuito fabril se encontrava uma dada encomenda, representada por um botão metálico colorido.
Mais tarde um enorme computador, o computador central, foi adquirido e instalado numa sala com ar condicionado para fazer o planeamento e processamento de salários. Este computador tinha 1 mega de memória.
O resto das máquinas e equipamentos existentes não sofreram tanta evolução como os que referi, pelo que ainda é possível encontrá-los em funcionamento em muitas fábricas produtoras de louça: os jaules, as prensas, as mesas de enchimento de moldes, os secadores, as secções de vidragem e de pintura. O que mudou aqui é que devido à obrigatoriedade do cumprimento das normas de SHST as condições e os postos de trabalho são mais limpos, há menos pó no ar, há menos calor, há mais luz nos pontos em que ela é necessária e há menos ruído no geral. Para o fabrico das pastas a Secla tinha o última tecnologia disponível: Moinhos Alsing, diluidores , filtos prensa, e o mesmo para o fabrico dos vidrados.
Nas secções de modelação em gesso, o ambiente era sossegado e menos ruidoso. Havia algum pó de gesso pelo ar. Mas as bancadas eram limpas e o chão também. Havia um diluidor de gesso, peça também rara nessa altura e neste tipo de fábricas.
Havia na Secla um relógio de ponto com cartão.


* Depoimento recolhido em .Junho de 2007 junto de Maria Helena Arroz,Engenheira Química, então directora técnica do Centro de Formação para a Indústria Cerãmica das Caldas da Rainha (Cencal). Dirigiu o Laboratório da Secla na primeira metada da década de 1980.

sábado, 28 de setembro de 2019

Fichas do Património Empresarial Caldense do Sec. XX: SECLA

Alberto Pinto Ribeiro e a fundação da SECLA*

Joaquim Alberto Pinto Ribeiro nasceu em Lisboa em 1921. Uma aptidão natural para o desenho conduziu-o à Escola de Belas Artes de Lisboa, em 1938, para cursar Arquitectura. Dificuldades económicas familiares forçaram-no, porém, a interromper os estudos.
Foi então admitido como recepcionista no Hotel Avis, mercê das suas competências no domínio de línguas estrangeiras.
Em 1941, torna-se o primeiro funcionário português da Standard Oil Company of New Jersey, conhecida pela sigla ESSO, que decidira montar um escritório em Portugal. A rede de relações com o mercado americano, que estes dois primeiros empregos lhe possibilitaram, revelar-se-ia fundamental para o lançamento e consolidação do projecto seguinte, no sector da produção cerâmica de exportação. De facto, foi naquele contexto que conheceu um empresário novaiorquino, Clifford Furst, co-proprietário duma joalharia na 5ª Avenida, a Castlecliff, que o convidou a ser seu agente na compra de artesanato português.
Do leque de produtos cujo potencial exportador lhe competia identificar, fazia parte louça, designadamente louça das Caldas.
Foi a possibilidade de ter um negócio próprio que levou Alberto Pinto Ribeiro, estimulado por Furst, a fundar uma empresa que tinha por objecto a colocação de cerâmicas caldenses no mercado americano. Clifford conhecia bem os trâmites da importação e venda de produtos artesanais e alertou o seu agente para a dimensão das encomendas, os prazos de entrega e as condicionantes do design. O contacto directo com os fabricantes caldenses levou Pinto Ribeiro a concluir que teria de intervir directamente na produção, de passar de agente a empresário.
Alberto Pinto Ribeiro
Encontrou na Volcar, um empresa de origem britânica, activa em Portugal no período da Grande Guerra na exploração de volfrâmio, um parceiro para constituir a sua empresa.
A fábrica de manilhas de grés de Inácio Perdigão, na rua Henrique Salles, aceitou ceder parte das suas instalações para a produção das faianças de Pinto Ribeiro. Foi ali que nasceu a Fábrica Mestre Francisco Elias, ainda em 1944. No ano seguinte já disporia de oficinas próprias, num terreno onde o pai de Alberto possuía uns barracões.
Foram atribulados os primeiros tempos da empresa. Furst desistiu das importações, para se centrar na joalharia e a Volcar também não quis prosseguir com o investimento na cerâmica. O lugar do primeiro veio a ser ocupado por Martin Freeman, e o da segunda preenchido por quatro novos sócios: Fernando da Ponte e Sousa, Fernando Carneiro Mendes, Vitorino Costa Vinagre e Américo Castro Arez, estes três últimos sócios da empresa Costa & Arez Lda, uma firma que representava diversas marcas de aparelhos rádio-eléctricos de recepção e difusão.
É com a constituição desta nova sociedade que a empresa muda o seu nome para SECLA, Sociedade de Exportação e Cerâmica Lda, em Dezembro de 1946.
A SECLA em obras
Alberto Pinto Ribeiro, com uma quaota de 25%, é o gerente de fábrica. Constitui família, passa a residir nas Caldas da Rainha. Em poucos anos, revoluciona, tanto no plano técnico e tecnológico, como no planos artístico e decorativo a produção de louça das Caldas.
A sua presença na fábrica faz-se sentir em múltiplas frentes: a da orientação técnicas, a do design, a do contacto com os clientes e o da gestão comercial e empresarial. Neste ultimo domínio, há que registar que a SECLA se torna uma empresa de grande dimensões, assumindo que lhe cabe também desenvolver funções sociais para os trabalhadores e famílias: desde a assistência médica ao fornecimento de refeições, desde a actividade cultural à prática desportiva.
E ainda encontra disponibilidade para dar aulas de Química Tecnológica na Escola Industrial, que encara como um campo potencial de recrutamento de ceramistas para a SECLA.
Fachada principal da SECLA nos anos 1950
A modernidade que traz à produção de louça das Caldas traduz-se em novos produtos, em novo design, em novas cores, em novas pastas e novos processo e equipamentos de conformação e de cozedura. Uma das inovações mais significativas que introduziu na produção corrente assentou no novo papel que atribuiu à pintura, em detrimento das composições relevadas que tinham sido apanágio da louça naturalista caldense desde o último quartel do século XIX.
Louça da SECLA
A Alberto Pinto Ribeiro se deve também o acolhimento e o apoio ao trabalho livre e autónomo de artistas na empresa. Os primeiros convites dele partiram, e foram dirigidos e arquitectos e artistas plásticos que conhecera pessoalmente na Escola de Belas Artes de Lisboa. Depois de 1954, com a criação das funções de direcção artística e a sua atribuição a Hansi Staël, esse papel foi partilhado.
Em 1966,  retira-se da gerência da SECLA e regressa a Lisboa onde funda a empresa Portus Lda e recupera o desafio original de exportar produtos de artesanato portugueses.

*Texto redigido com recurso às seguintes fontes: entrevista realizada por João B. Serra e Sofia Baptista a João Pinto Ribeiro a 25 de Janeiro de 2019; a obra de Alberto Pinto Ribeiro, A Nova Cerâmica das Caldas (sec. XX). Lisboa, Edição de Autor, 1989.

Fichas do Património Empresarial Caldense do Sec. XX: FRAMI

A F. A. Caiado[1] surgiu em 1929, com registo legal em 1930. O seu promotor, Francisco António Caiado era um homem ambicioso. Tinha trabalhado em Peniche, Azambuja, no sector alimentar, antes de obter emprego na firma F. Ladeira, uma empresa do sector da armazenagem e distribuição de cereais.
Na origem da F. A. Caiado está a torrefacção de café. A operação baseava-se inicialmente na importação de matéria prima brasileira. Chegou a ser a 2ª torrefacção do país.
Em momento posterior, a F. A. Caiado entrou no sector das mercearias finas, distribuindo produtos especiais importados.
Em 1947, Francisco Caiado é desafiado pelo tipo de negócio corporizado nas lojas “Mariazinha”. É assim que surge uma fabrica de bolos. Mas a sazonalidade do negócio da pastelaria obriga-o a procurar uma compensação. É assim que surge a confeitaria. E a mudança de nome para FRAMI (de Francisco e Mimi, das iniciais do seu nome e do da mulher, Maria Casimira).
Nos anos 50, entram no negócio os seus dois filhos. Rogério estudava no Colégio Moderno, mas interrompe os estudos. Seu Pai envia-o ao estrangeiro ver fábricas e máquinas. A Frami adquire fornos eléctricos para produção de drops, cuja polivalência é aproveitada para a produção de compotas.
Localizada na cidade, onde hoje se ergue o complexo cultural CCC, o crescimento obrigará à ponderação da criação de uma nova unidade fabril. O grupo familiar divide-se quanto à oportunidade e direcção dos negócios, mas vence a opção fabril, com o voto de qualidade do fundador. Não foi fácil conseguir alvará, mas estando disponível um alvará para o concentrado de tomate, foi essa a área escolhida. A produção estendeu-se aos sumos de frutas e aos legumes enlatados (ervilhas, favas, cenouras, etc).
A guerra em África representou outra grande oportunidade de negócio para a FRAMI: as rações de combate. A produção obedecia a regras de controlo de qualidade exigentes e por isso a fábrica teve de se dotar de um laboratório. A empresa tinha de garantir não apenas a qualidade dos produtos como a resistência das embalagens, a testar sob elevadas temperaturas e ambientes de alto teor de humidade.
A expansão da empresa no sector dos frutos e legumes obrigou a controlar a produção agrícola. A empresa dotou-se de um corpo de engenheiros agrónomos que tinham à sua responsabilidade o acompanhamento das unidades agrícolas do Oeste e Ribatejo onde a Frami adquiria os produtos para as suas conservas e sumos.
A empresa tinha armazéns em Lisboa, Porto e Faro e exportava para Reino Unido, França, Alemanha, Austria, Itália (matérias primas), Península Escandinava, Estados Unidos, Canadá e Japão.


[1]Fonte: entrevista com Rogério Caiado, 21 de Junho de  2007.

Fichas do Património Empresarial Caldense do Sec. XX: CAPRISTANOS

Artur Capristano inicia o negócio do transporte rodoviário de passageiros em 1933. Residente então no Bombarral, adquiriu um autocarro de passageiros para efectuar a ligação entre esta vila e a Lourinhã.  Empreendendor e habilitado com carta de condução, encontrou um sócio capitalista que fizera fortuna no comércio dos vinhos para financiar a compra do equipamento. A firma chamou-se Capristano & Ferreira, Lda.
O êxito da empresa[1] manifestou-se na expansão do número de camionetas, na ampliação das rotas e no movimento de passageiros. Lisboa e Leiria, Alcobaça, Nazaré, Marinha Grande entram nos percursos e na rede de garagens. Depois adquiriu outras empresas concorrentes sediadas nas Caldas da Rainha, ganhando as rotas das Caldas a Peniche, a Santarém e a Lisboa. Junto das garagens, funcionavam oficinas, pois os veículos necessitavam de peças de substituição e as carrocerias eram montadas no destino.
A Guerra perturbou o negócio, tanto na procura como no abastecimento de combustível. Os autocarros passaram a funcionar a gasogéneo, produzido a partir do carvão mineral. Mas, depois de 1945, recuperou o crescimento.
Divergências entre os dois sócios determinaram uma separação: o negócio do transporte ficou com Capristano e o das garagens com Ferreira, por um período de 10 anos. Mas Artur Capristano, com os seus dois filhos, Artur e José, deita de imediato ombros à reconstituição da unidade do projecto empresarial e decide mudar a sua sede para as Caldas da Rainha.
A nova sede da Capristanos é inaugurada em Fevereiro de 1949. Trata-se de um edifício singular na época, no centro da cidade, concebido pelo arquitecto Camilo Korrodi, decorado com um alto relevo de Anjos Teixeira Filho. No complexo, além da estação rodoviária e da garagem, foram instalados um café, um restaurante de luxo, uma barbearia e uma tabacaria. O ambiente era animado com música gravada e, aos domingos, com música ao vivo no café. 
A instalação da Capristanos nas Caldas completou-se com um bairro de empresa, onde os motoristas, os cobradores, os empregados de escritório e os mecânicos residiam. 
Em 1961, Artur Capristano vende inesperadamente a empresa à sua congénere Claras, de Torres Novas.


[1]Fonte: Carlos Cipriano, “Empresa Capristanos: há 50 anos foi um motor inestimável do desenvolvimento local e regional”, in Gazeta das Caldas, 14 de Maio de 1999.

Fichas do Património Empresarial Caldense do Sec. XX: SEOL

Surgiu em 1948[1], criada pelas companhias Hidroeléctrica do Alto Alentejo, Eléctrica das Beiras e Reunidas de Gás e Electricidade.
Objectivo: fornecer energia eléctrica ao consumo doméstico e industrial dos concelhos da área emergente do Oeste.
A Seol comprava energia em alta tensão àquelas companhias produtoras e vendia-a em baixa tensão aos consumidores finais.
A sede era nas Caldas, nos chamados prédios do Viola, onde também habitava o pessoal qualificado da empresa.
Começou por abastecer Porto de Mós e Batalha. Houve que proceder à montagem de uma linha entre Porto de Mós e Caldas, de forma a substituir aqui a pequena central, localizada junto á linha do caminho de ferro, na Rua da Electricidade, que produzia energia para a cidade. Essa linha passava também por Alcobaça e prolongava-se até à Várzea de Óbidos. Mais tarde chegou a Peniche, Lourinhã e Cadaval e, para norte, à Marinha Grande.
Particularmente importante era chegar a Peniche, cidade abastecida por uma pequena central a gasóleo que não tinha capacidade nem fornecer emergia às habitações e muito menos às indústrias de frio e conservas. Estas fábricas tinham geradores próprios, que funcionavam deficientemente.
Nos prédios do Viola, na rua Fonte do Pinheiro, funcionavam escritórios e oficinas. Um sector administrativo ocupava-se de contratos e contabilidade. Um sector técnico de projectos de extensão de linhas, concepção das subestações e a montagem dos postos. A distribuição de baixa tensão supunha linhas de média tensão, a instalação final de contadores e um serviço eficaz de manutenção e reparação de avarias. O pessoal das oficinas efectuava a construção das estruturas, só se adquirindo no exterior os isoladores cerâmicos.
As subestações armazenavam a energia adquirida. Eram, nos anos 60, quando a empresa começou a crescer com a procura industrial e da rede de frio para o sector hortofrutícola e das pescas, sobretudo dois: em S. Jorge (para a energia adquirida à Hidroeléctrica do Alto Alentejo e das Beiras) e na Sancheira (para a energia comprada às Companhias Reunidas do Gás e Electricidade).
O crescimento deste sector teve impacte na economia, na vida quotidiana e no ensino secundário. A formação de electricistas ganhou lugar importante na Escola Técnica das Caldas da Rainha. Os tecnicos da SEOL asseguraram o ensino, em regime pós-laboral, naquela escola escola secundária.


[1]Fonte: entrevista com Ernesto Ferreira Arroz, a 20 de Junho de 2007

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Territórios urbanos do Oeste em 1972/1973

Em 1979, a Fundação Calouste Gulbenkian editou um álbum de 296 diapositivos dedicados ao tema “A Expressão das Cidades”, subordinado ao título geral Portugal, a Terra e o Homem. A esta série talvez se tenham somado outras, pois o Serviço Educativo da Fundação viria a editar uma antologia de 200 diapositivos.
Os diapositivos são de 1972 e 1973. A selecção foi efectuada por Jorge Gaspar, professor de Geografia da Faculdade de Letras de Lisboa. Em 1972, publicara a obra inovadora A Área de Influência de Évora: Sistema e Funções e Lugares Centrais. A proximidade deste trabalho reflecte-se na obra a que aqui se fez referência.
Escreve Jorge Gaspar na brochura que acompanha os diapositivos:
Mais do que qualquer outra paisagem humanizada, a da cidade é uma paisagem de diálogo, em que nos integramos, que se transforma em cada momento e em que o observador é um elemento do dinamismo interno. No dizer de Kevin Linch, “ a paisagem urbana, entre os seus vários papeis, é também algo para ser visto, para ser recordado, e para deleitar”. Daí a dificuldade da sua apreensão fria, em termos científicos.
As imagens estão agrupadas por grandes regiões. Caldas da Rainha está incluída na região VI – Estremadura e Ribatejo. Leiria na região III – Beira Litoral.
As cidades do Oeste referidas nesta obra são Alcobaça (um diapositivo), Óbidos (um diapositivo), Peniche (dois diapositivos) e Caldas da Rainha (cinco diapositivos). Publicamo-los aqui todos, com as respectivas legendas.
Alcobaça - Exemplo de um aglomerado urbano desenvolvido a partir de um
grande estabelecimento religioso: a Abadia Cisterciense
Óbidos - Vista geral. A força urbana de um burgo acastelado
Peniche - O porto. Núcleo urbano fundamentalmente ligado à pesca.
À direita, pormenor do forte tristemente famoso

Peniche. Pormenor

Caldas da Rainha. Vista geral
(Nota de JBS: terraplanagens para a construção do Hospital Distrital)

Caldas da Rainha. A Rainha D. Leonor. Estabelecimento hoteleiro
do século passado (a importância das Caldas como estação de veraneio)

Caldas da Rainha. O Hospital

Caldas da Rainha. Pormenor do centro. No largo do mercado.

Caldas da Rainha. Cerâmica das Caldas. À direita, o Parque

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Um Museu para a Cidade Cerâmica (parte III)

7. O novo Museu de Cerâmica
7.1. Localização e programa construtivo 
O novo Museu de Cerâmica deve integrar a Quinta do Visconde de Sacavém, com os edifícios afectos ao actual Museu de Cerâmica e, consequentemente, o ou os novos edifícios a construir deverão situar-se em local contíguo. A circunstância de, nas imediações do actual museu, se situarem o complexo de museus municipais de escultura e o Centro de Artes, o Parque D. Carlos e o Museu José Malhoa, o edifício histórico da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, as oficinas municipais de cerâmica e o futuro Hotel Montebelo-Bordalo Pinheiro reforçam a necessidade de manter essa lógica de corredor criativo já em tempos defendida.
Rua Visconde de Sacavém
Conviria, por isso, que a intervenção arquitectónica fosse acompanhada por um planeamento urbanístico cuidado. Haverá problemas de mobilidade, circulação e estacionamento, de harmonização das zonas verdes com o edificado, a ponderar. Importa que o novo espaço público seja acolhedor, convidativo, em suma, vivo.
O programa construtivo deverá contemplar as valências a seguir enumeradas, para o que se teve em conta o “Programa de Ampliação do Museu de Cerâmica” elaborado pela respectiva direcção, em 2011.
Assim, esse programa deverá contemplar a requalificação dos actuais edifícios afectos ao Museu de Cerâmica e a edificação de um ou dois espaços afectos a uma exposição permanente consideravelmente expandida e as outras funções actualmente inexistentes. 
A nova edificação deverá poder acolher os seguintes serviços:
-       Espaço para exposição permanente (adiante indicado, no item dedicado ao programa museológico);
-       Espaço para exposições temporárias;
-       Uma biblioteca e centro de documentação;
-       Uma sala de conferências;
-       Uma black box;
-       Espaço para os serviços educativos;
-       Loja;
-       Reservas visitáveis;
-       Reservas;
-       Laboratório e oficina de conservação e restauro;
-       Sala do voluntariado;
-       Cafetaria e restaurante;
-       Laboratórios criativos.

7.2. O novo Museu de Cerâmica: programa museológico
O programa museológico do novo Museu de Cerâmica assenta nos seguintes vectores fundamentais: 
-      a redefinição da exposição permanente, de modo a actualizar o conhecimento dos principais momentos históricos da produção cerâmica caldense e permitir novas leituras da actividade cerâmica em transformação; 
-      a gestão e programação do património cerâmico urbano numa lógica de revalorização do espaço publico da cidade;
-      a articulação com os núcleos museológicos de cerâmica na cidade sob gestão de outras entidades;
-      museu que, a par da conservação e apresentação de colecções, coloca no centro da sua acção a curadoria, a criação de narrativas e a articulação tanto com a indústria como com a criação contemporânea;
-      a concepção e desenvolvimento de projectos colaborativos, envolvendo cada um ou todos os membros da rede;
-      o estabelecimento de parcerias com entidades nacionais e internacionais que partilhem objectivos comuns ou complementares;
-      elaboração de um projecto visando o inventário do património cerâmico depositado nos museus portugueses;
-      museu que encoraja o depósito de colecções particulares, cuja conservação garante em condições a acordar com os seus proprietários, a que poderá facultar visitas na modalidade de reservas visitáveis. 
Propõe-se que a exposição permanente contemple os seguintes núcleos:
-      Cerâmicas antigas (séculos XVI-XVIII);
-      O neo-palissy (séculos XIX-XX);
-      Manuel Mafra;
-      Rafael Bordalo Pinheiro;
-      Indústria, tecnologia e ciência;
-      Cerâmica de construção;
-      A cerâmica contemporânea (segunda metade do século XX);
-      O design cerâmico;
-      A cerâmica em espaço público (núcleo que funciona no âmbito do Centro de Interpretação e Gestão do Património Cerâmico Urbano, já referido), com apontamentos relativos a:
- Roteiro da azulejaria de interior;
- Roteiro da azulejaria de fachada;
- Roteiro das intervenções escultóricas em espaço público.
Edifício da antiga Fábrica San Rafael
fundada por Manuel Gustavo e Helena Bordalo Pinheiro
A estes núcleos acrescem outros, sob gestão de outras entidades:
-      Da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha à Bordallo Pinheiro – Museu de história da empresa a instalar pelo Grupo Visabeira nas instalações da antiga fábrica San Rafael, fundada por Helena Bordalo Pinheiro e Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro;
-      A cerâmica no ensino industrial (Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro);
-      A formação profissional e técnica de cerâmica nos tempos da globalização (CENCAL);

8. Caderno de encargos imediato
Esta proposta tem a intenção de colocar em discussão prévia uma eventual aceitação da transferência do actual Museu de Cerâmica para a Câmara Municipal das Caldas da Rainha. Trata-se de um ponto de partida. Corrigida, eventualmente modificada, o ponto de chegada habilitaria o município a definir os objectivos últimos, como a enquadrar opções imediatas, a priorizar e orçamentar investimentos.
Edificações da Faianças Bordalo Pinheiro
adquiridas pela Câmara Municipal
Das considerações anteriores deverá reter-se que a aceitação da transferência da gestão do actual museu convida a pensar numa revalorização do legado cerâmico caldense, com novos instrumentos e processos, o que passa por, desde logo, projectar um novo Museu de Cerâmica.
Se se aceitar estes pressupostos, a primeira decisão política é a que respeita ao local e ao tipo de construção que deverá albergar o museu expandido. Estamos a falar de uma construção que não poderá ser inferior a 2500 metros quadrados de área expositiva total a que se acrescentaria o espaço necessário para os novos serviços.
No passado, só foi equacionada a hipótese de um novo museu com traço de um arquitecto de prestígio. Tem sido essa uma prática frequente em Portugal. Não gostaria porém de descartar outra hipótese para ponderação: despender uma verba menos vultuosa no novo edifício, libertando assim meios financeiros para a requalificação do palacete do 2º Visconde de Sacavém. Nesta hipótese, a solução podia passar por opção inspirada na que foi seguida pelo Museu da Cidade em Lisboa, ao construir dois pavilhões expositivos nos jardins do Palácio Pimenta.
O segundo item de decisão será a localização do novo edifício. Parece desaconselhável reduzir a área ajardinada da Quinta do Visconde de Sacavém. No passado, creio ter sido aventada a possibilidade de eliminar a rua Visconde de Sacavém, forjando uma continuidade entre a Quinta e o Parque D. Carlos. Esta operação tem méritos que não devem ser menorizados.
Há todavia uma outra possibilidade a encarar. A Câmara Municipal adquiriu, numa fase crítica da Fábrica Bordalo Pinheiro, parte das instalações fabris desta empresa na rua Bordalo Pinheiro. Não conhecendo a área exacta desta propriedade municipal, alvitraria que não deverá ser inferior a 2500 m2. Assim sendo, parece possível implantar aí um edifício de dois pisos e uma cave/reservas que cumpra o programa construtivo acima apresentado.
Edifício que poderá acolher as Oficinas Criativas do município 
Há que encarar, também no imediato, a aquisição de peças a coleccionadores particulares de forma a garantir a representatividade e equilíbrio dos diversos núcleos da exposição permanente. As colecções públicas apresentam uma lacuna grave no que respeita à cerâmica de Manuel Mafra e seus contemporâneos. O foco dominante em Bordalo Pinheiro e a valorização das peças que assinou explica que não se tenha prestado a atenção merecida a esse fabrico de louça de inspiração palissy. A investigação permitiu, em anos recentes, resgatar a obra de Manuel Mafra, mas as colecções públicas ainda não lhe fizerem justiça.
A derradeira parte deste caderno de encargos terá a ver com o modelo de gestão deste ambicioso programa museológico. Também aqui há decisões prévias cruciais a tomar.

9. Modelo de gestão
Esta proposta não ficaria completa se não colocasse à discussão também um modelo de gestão. A complexidade e vastidão das tarefas aconselham em primeiro lugar que se não cinja a estrutura de direcção a uma única figura.
Sou favorável a uma estrutura directiva com três membros, um presidente e dois vogais, dividindo entre si áreas e tarefas atribuíveis. O Presidente da estrutura executiva deve ser nomeado após concurso público, sendo os restantes dois, um de nomeação pela Câmara e outro indicado por um Conselho Geral.
Competiria ao Conselho Geral, formado por representantes de todas as entidades da rede e presidido por uma Mesa eleita, acompanhar o exercício da direcção executiva. Completa o organograma dirigente um Conselho Científico, proposto pela direcção e aprovado pelo Conselho Geral.
Podemos colher alguma inspiração em experiências que envolvem a gestão cultural de territórios e patrimónios equiparáveis.
Estou firmemente convicto de que este projecto, se não dispensa a presença do sector público, no suporte financeiro e na inscrição estratégica na política pública para a cultura, também não poderá ficar aprisionado pelos constrangimentos administrativos e técnicos que decorreriam de uma gestão organizada a partir do enquadramento funcional e administrativo da Câmara Municipal.
Sou favorável à criação de uma entidade – sociedade ou fundação – de capitais exclusivamente públicos ou mistos (públicos/privados) para a gestão da qual os organismos tutelados pela administração Central ou Local possam transferir a gestão do novo Museu, dos espaços públicos com património cerâmico protegido. A esta entidade caberia igualmente a gestão do projecto associado à candidatura das Caldas da Rainha a Cidade Criativa da UNESCO, com os compromissos nele assumidos pela autarquia.
Estufas do Parque (no futuro, Concept Store?)
A decisão sobre o modelo de gestão deve ser acordada entre Autarquia e Governo antes da transferência da gestão do actual Museu de Cerâmica. Este processo inspira-se num precedente, o da sociedade “Monte da Lua”, constituída no âmbito de classificação de Sintra como Património Cultural da Humanidade.



10. Bibliografia sobre cerâmica das Caldas (pós 1977)
10.1. Catálogos
150 Aquisições do Museu de Cerâmica, 1988-1993[Exposição organizada pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha e pelo Museu de Cerâmica, de 16 de Outubro a 15 de Dezembro]. Caldas da Rainha, Câmara Municipal, 1993.
A Arte da Miniatura em Barro. Escultores e Barristas. Caldas da Rainha, Museu de José Malhoa, 1988.
A Arte do Barro nas Caldas. Homenagem a Rafael Bordalo Pinheiro. Caldas da Rainha, Museu de José Malhoa, 1984.
Atelier Cerâmico Visconde de Sacavém: Caldas da Rainha (1892-1896) [Exposição organizada pelo Museu de Cerâmica, de 23 de Outubro de 1999 a 30 de Março de 2000]. Caldas da Rainha, Museu de Cerâmica, 1999.
Biblioteca de um Ceramista Industrial (1880-1890). Brochura de exposição. ESAD, Caldas da Rainha, 2019
Caminhos do Barro. I Simpósio Internacional de Cerâmica. Museu de Cerâmica, Caldas da Rainha, 2001
Cerâmica: Colecção do Cencal. Catálogo. Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Caldas da Rainha, 1995
A Cerâmica das Caldas. Colecção A. Lucas Cabral. [Exposição organizada por Nicole Loureiro e Maria Exaltina Gil Nogueira]. 3ª edição revista, Caldas da Rainha, Museu de Cerâmica, 1986
Cerâmica decorativa moderna portuguesa.Catálogo. Exposição integrada no 1º Simpósio Internacional sobre Azulejaria. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1971
Cinquenta Anos de Cerâmica Caldense, 1930-1980[Organizada pelo Grupo de Amigos do Museu de Cerâmica, de 22 de Julho a 30 de Setembro]. Caldas da Rainha, Grupo de Amigos do Museu de Cerâmica, 1990.
Colecção de Cerâmica da Casa Museu Vieira Natividade. Catálogo. Coord. Jorge Pereira de Sampaio. IPPAR, Lisboa, 2006
Colecção Municipal Ferreira da Silva. Primeiras Aquisições. Coord. João B. Serra. Catálogo. Câmara Municipal das Caldas da Rainha. Caldas da Rainha, 2009
Colecção Pereira de Sampaio: OAL – Olaria de Alcobaça (1927-1986). 90 Anos, 90 Peças. Coord. De Jorge Pereira de Sampaio. Catálogo. Edição de autor, Alcobaça, 2018
Costa Mota Sobrinho (1877-1956): Obra Cerâmica e Escultórica[Exposição organizada pelo Museu de Cerâmica, Novembro]. Caldas da Rainha, Museu de Cerâmica, 2001.
Decorativo Apenas? Júlio Pomar e a Integração das Artes. Catálogo. EGEAC/Atelier-Museu Júlio Pomar, Lisboa, 2016
Estúdio Secla: uma Renovação na Cerâmica Portuguesa[Exposição organizada pelo Museu Nacional do Azulejo, de Dezembro de 1999 a Abril de 2000]. Lisboa, Museu Nacional do Azulejo, 1999
Expo Caldas 77[Organizada pelo Museu de José Malhoa]. Caldas da Rainha, Museu de José Malhoa, 1977
Exposição Azulejos de Lisboa [Organizada pela Câmara Municipal de Lisboa, Fevereiro/Março]. Lisboa, Câmara Municipal, 1984
Exposição de Miniaturas de Francisco Elias. Caldas da Rainha, Museu de Cerâmica, 1987
Faiança Portuguesa do Ateneu Comercial do Porto. Porto, Ateneu Comercial, 1997.
Faianças de Rafael Bordalo Pinheiro. Exposição Comemorativa  do Centenário da 
O Homem Pensa Porque Tem Mãos. José Aurélio. Exposição com curadoria de Nuno Faria. Câmara Municipal das Caldas da Rainha, 2018
Jorge de Almeida Monteiro, 1908-1983. Catálogo. Museu Municipal do Bombarral, Bombarral, 1997
A Minha Janela Dá para um Jardim. Ferreira da Silva[1995]. Catálogo.Cencal, Caldas da Rainha.
Fundação da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha (1884-1984) [Organizada pela Câmara Municipal de Lisboa, Outubro-Dezembro]. Lisboa, Câmara Municipal, 1985.
Formas da Olaria das Caldas da Rainha[Exposição organizada por Herculano Elias e Helena Gonçalves Pinto, de 15 de Maio a 13 de Julho]. Caldas da Rainha, Câmara Municipal, 1997.
Gil Vicente: Exposição de Armando Correia, 1994/1995[Organizada pelo Gabinete de Animação Termal do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha]. Caldas da Rainha, Centro Hospitalar, 1994.
Guia do Museu Rafael Bordalo Pinheiro. Lisboa, Câmara Municipal, 1991.
Herculano Elias: Momentos de um Percurso[Exposição organizada pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha, de 15 de Maio a 30 de Junho]. Caldas da Rainha, Câmara Municipal, 1996.
As Idades dos Mares: Formas e Memórias de Inspiração Marítima[Exposição organizada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, Feira do Artesanato, Julho]. Lisboa, Instituto de Emprego e Formação Profissional, 1999.
As Idades da Terra: Formas e Memórias da Olaria Portuguesa [Exposição organizada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, Feira do Artesanato, Julho]. Lisboa, Instituto de Emprego e Formação Profissional, 2003.
Loiça das Caldas. Colecção de Duarte Pinto Coelho[Exposição organizada pelo Museu de Artes Decorativas Portuguesas, em Novembro]. Lisboa, Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, 1995.
Manuel Cipriano Gomes: de Mafra às Caldas e Volta[Exposição organizada pelo Museu de Cerâmica, na Casa da Cultura D. Pedro V, em Mafra, de 7 de Agosto a 15 de Outubro]. Mafra, Câmara Municipal, 1999.
Monsaraz Museu Aberto[Organização da Câmara Municipal, de 20 a 28 de Julho], Reguengos de Monsaraz, Câmara Municipal, 2002.
Mostra de Faiança Portuguesa. Arouca, Museu de Arte Sacra de Arouca, Real Irmandade Rainha Santa Mafalda, 1998.
Ofélia Sinais e Signos. Catálogo. Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Caldas da Rainha, 1994
Produto Próprio: Colaborações entre Artistas Plásticos e a Indústria Cerâmica da SECLA. Catálogo. ESAD, Caldas da Rainha, 2019
Roteiro Turístico. Rota Ferreira da Silva Desdobrável. Pelouro do Turismo da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Caldas da Rainha, 2016
Simpósio Internacional de Cerâmica Alcobaça 87[1987]. Catálogo. Instituto do Comércio A Paixão de Cristo na Obra de Rafael Bordalo Pinheiro. Homenagem das Caldas da Rainha no 80º Aniversário da sua Morte. Caldas da Rainha, Museu de José Malhoa, 1985.
Rafael Bordalo Pinheiro, o Português Tal e Qual, da Caricatura à Cerâmica. O Ceramista (1884-1905) [Exposição organizada pela Pinacoteca do Estado, de 2 de Julho a 4 de Agosto]. São Paulo, Pinacoteca do Estado, 1996.
Rafael Bordalo Pinheiro, Ontem e Hoje[Exposição organizada pelo Gabinete de Estudos Olissiponenses, no Palácio do Beau Séjour, de 15 de Julho a 30 de Agosto]. Lisboa, Câmara Municipal, 1993.
Rafael Bordalo Pinheiro: Humor e Costumes[Exposição organizada pelo Instituto de  Formação Profissional, Feira do Artesanato, Julho], Lisboa, Instituto de Emprego e Formação Profissional, 1989.
Sob o Signo do Nacionalismo: a Cerâmica de Rafael Bordalo Pinheiro. Exposição Evocativa dos 150 Anos do Nascimento de Rafael Bordalo Pinheiro, 1846-1905[Organizada por Paulo Henriques e João B. Serra, para o Museu do Hospital e das Caldas, de 14 de Dezembro de 1996 a 28 de Fevereiro de 1997]. Caldas da Rainha, Centro Hospitalar, 1996.
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10.2. Estudos monográficos
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