sábado, 28 de setembro de 2019

Fichas do Património Empresarial Caldense do Sec. XX: FRAMI

A F. A. Caiado[1] surgiu em 1929, com registo legal em 1930. O seu promotor, Francisco António Caiado era um homem ambicioso. Tinha trabalhado em Peniche, Azambuja, no sector alimentar, antes de obter emprego na firma F. Ladeira, uma empresa do sector da armazenagem e distribuição de cereais.
Na origem da F. A. Caiado está a torrefacção de café. A operação baseava-se inicialmente na importação de matéria prima brasileira. Chegou a ser a 2ª torrefacção do país.
Em momento posterior, a F. A. Caiado entrou no sector das mercearias finas, distribuindo produtos especiais importados.
Em 1947, Francisco Caiado é desafiado pelo tipo de negócio corporizado nas lojas “Mariazinha”. É assim que surge uma fabrica de bolos. Mas a sazonalidade do negócio da pastelaria obriga-o a procurar uma compensação. É assim que surge a confeitaria. E a mudança de nome para FRAMI (de Francisco e Mimi, das iniciais do seu nome e do da mulher, Maria Casimira).
Nos anos 50, entram no negócio os seus dois filhos. Rogério estudava no Colégio Moderno, mas interrompe os estudos. Seu Pai envia-o ao estrangeiro ver fábricas e máquinas. A Frami adquire fornos eléctricos para produção de drops, cuja polivalência é aproveitada para a produção de compotas.
Localizada na cidade, onde hoje se ergue o complexo cultural CCC, o crescimento obrigará à ponderação da criação de uma nova unidade fabril. O grupo familiar divide-se quanto à oportunidade e direcção dos negócios, mas vence a opção fabril, com o voto de qualidade do fundador. Não foi fácil conseguir alvará, mas estando disponível um alvará para o concentrado de tomate, foi essa a área escolhida. A produção estendeu-se aos sumos de frutas e aos legumes enlatados (ervilhas, favas, cenouras, etc).
A guerra em África representou outra grande oportunidade de negócio para a FRAMI: as rações de combate. A produção obedecia a regras de controlo de qualidade exigentes e por isso a fábrica teve de se dotar de um laboratório. A empresa tinha de garantir não apenas a qualidade dos produtos como a resistência das embalagens, a testar sob elevadas temperaturas e ambientes de alto teor de humidade.
A expansão da empresa no sector dos frutos e legumes obrigou a controlar a produção agrícola. A empresa dotou-se de um corpo de engenheiros agrónomos que tinham à sua responsabilidade o acompanhamento das unidades agrícolas do Oeste e Ribatejo onde a Frami adquiria os produtos para as suas conservas e sumos.
A empresa tinha armazéns em Lisboa, Porto e Faro e exportava para Reino Unido, França, Alemanha, Austria, Itália (matérias primas), Península Escandinava, Estados Unidos, Canadá e Japão.


[1]Fonte: entrevista com Rogério Caiado, 21 de Junho de  2007.

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