sábado, 28 de setembro de 2019

Fichas do Património Empresarial Caldense do Sec. XX: CAPRISTANOS

Artur Capristano inicia o negócio do transporte rodoviário de passageiros em 1933. Residente então no Bombarral, adquiriu um autocarro de passageiros para efectuar a ligação entre esta vila e a Lourinhã.  Empreendendor e habilitado com carta de condução, encontrou um sócio capitalista que fizera fortuna no comércio dos vinhos para financiar a compra do equipamento. A firma chamou-se Capristano & Ferreira, Lda.
O êxito da empresa[1] manifestou-se na expansão do número de camionetas, na ampliação das rotas e no movimento de passageiros. Lisboa e Leiria, Alcobaça, Nazaré, Marinha Grande entram nos percursos e na rede de garagens. Depois adquiriu outras empresas concorrentes sediadas nas Caldas da Rainha, ganhando as rotas das Caldas a Peniche, a Santarém e a Lisboa. Junto das garagens, funcionavam oficinas, pois os veículos necessitavam de peças de substituição e as carrocerias eram montadas no destino.
A Guerra perturbou o negócio, tanto na procura como no abastecimento de combustível. Os autocarros passaram a funcionar a gasogéneo, produzido a partir do carvão mineral. Mas, depois de 1945, recuperou o crescimento.
Divergências entre os dois sócios determinaram uma separação: o negócio do transporte ficou com Capristano e o das garagens com Ferreira, por um período de 10 anos. Mas Artur Capristano, com os seus dois filhos, Artur e José, deita de imediato ombros à reconstituição da unidade do projecto empresarial e decide mudar a sua sede para as Caldas da Rainha.
A nova sede da Capristanos é inaugurada em Fevereiro de 1949. Trata-se de um edifício singular na época, no centro da cidade, concebido pelo arquitecto Camilo Korrodi, decorado com um alto relevo de Anjos Teixeira Filho. No complexo, além da estação rodoviária e da garagem, foram instalados um café, um restaurante de luxo, uma barbearia e uma tabacaria. O ambiente era animado com música gravada e, aos domingos, com música ao vivo no café. 
A instalação da Capristanos nas Caldas completou-se com um bairro de empresa, onde os motoristas, os cobradores, os empregados de escritório e os mecânicos residiam. 
Em 1961, Artur Capristano vende inesperadamente a empresa à sua congénere Claras, de Torres Novas.


[1]Fonte: Carlos Cipriano, “Empresa Capristanos: há 50 anos foi um motor inestimável do desenvolvimento local e regional”, in Gazeta das Caldas, 14 de Maio de 1999.

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