domingo, 3 de dezembro de 2017

Cerâmica de Olivença de inspiração popular palissy

Devo a Rafael Salinas Calado a indicação da existência,  em Olivença, de uma produção cerâmica, com impacte local significativo, filiada na louça popular de inspiração palissysta das Caldas da Rainha.
O projecto de realizarmos uma visita a Olivença para observar essa produção e eventualmente projectarmos uma exposição a que logo demos o título provisório de “Cerâmica das Caldas de fora das Caldas” nasceu de uma longa conversa efectuada há cerca de 11 anos. Já em tempos evoquei esse encontro com a emoção que decorre de ter sido o último. Rafael Salinas Calado viria a falecer em finais desse ano de 2006.
No Museu de Olivença – que visitei agora – pude verificar o fundamento das indicações de Rafael e do que ali se pode ver, dou conta em seguida.
Transcrevi (com algumas adaptações de expressão) a informação disponível no museu sobre esta produção.
Nos expositores mostra-se o trabalho de três ceramistas oliventinos, os mais representativos do século XX: Francisco Lemos (conhecido por Panassa), António Miranda (O Português) e Juan Rodriguez Rodriguez (Simeão).
Panassa, tecnicamente formado nas Caldas da Rainha, importante centro de cerâmica popular no país vizinho, tem um estilo muito pessoal.
Discípulo de Panassa foi António Miranda, O Português, nascido em Arronches, que deixou quando tinha vinte e quatro anos, para se estabelecer em Olivença.
Contemporâneo de O Português foi Simeão, conhecido pelo nome do pai. Aprendeu o ofício com António Miranda.
As peças expostas têm em comum o uso de motivos decorativos muito cararterísticos , designadamente elementos zoomórficos (peixes, rãs, cães, conchas), anjos e cordas retorcidas, adaptando-se às mais imaginativas funções.
No caso dos trabalhos de Panassa, as peças são dotadas de grande realismo. De rara beleza são os serviços de café, onde se encontra decoração em areado, musgado e pedrado. Os vidrados imitam as cores da paisagem: abundam os tons de verde, preto, castanho, melado e azul.
Entre a louça utilitária doméstica, figuram talhas e potes vidrados, alguidares de cozinha e elemtosqruitectonicos para fachadas e letras e números para identificação das portas das habitações.
Numa das estantes expomos alguns moldes usados na preparação de peça, assim como um prato com vidrado em pó.

[Texto de parede que acompanha a exposição permanente do Museu de Olivença (Museo de Olivenza, Francisco González Santana, tutelado pelo Consorcio Museo Etnográfico Extremeño].

















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