Realizaram-se no passado dia 12 de
Dezembro as provas de mestrado de Luís Manuel Lourenço da Silva Ascenso. O novo
mestre em gestão cultural trabalhou sobre a hipótese de uma candidatura a
apresentar em 2020 pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha ao título de
Cidade Criativa da Unesco.
A evidência sobre a antiguidade do
centro cerâmico caldense está no essencial recolhida. Desde a fundação moderna
da cidade, que os responsáveis pelo novo concelho providenciaram a presença de
oficinas de oleiros. A historiografia regista a evolução do centro com produtos
“em vermelho”, em “vidrado” e de faiança. No século XIX, surgiu uma linha de
produção de “faiança de fantasia”, acompanhando, nalguns casos antecipando até,
a louça de inspiração “palissy” reinventada em Tours e Paris.
Luís Ascenso quis dar nota da
situação actual, registando as unidades fabris em laboração, a tipologia de
produtos e os mercados a que se dirigem. Finalmente, tema fundamental da sua
investigação, organizou uma base de dados sobre a produção cerâmica de autor
directamente relacionada com o meio cerâmico caldense.
O mérito principal desse trabalho
paciente de recolha de informação, junto de cada um dos autores, com visita
pessoal a cada um dos ateliês/oficinas, foi ter começado esse inventário que,
não sendo completo, abrange uma parte significativa do universo de criadores
estabelecidos.
O trabalho de Luís Ascenso permite
já concluir, quando a esse universo, que ele é na sua quase totalidade
constituído por autores que obtiveram formação cerâmica no Centro de Formação
Profissional para a Indústria Cerâmica das Caldas da Rainha e na Escola de
Artes e Design das Caldas da Rainha, o primeiro surgido em princípios da década
de 80 e a segunda uma década mais tarde.
Em segundo lugar, o inquérito põe em evidencia que estes autores abordam a cerâmica enquanto prática artística ou do design, o que se reflecte tanto no enquadramento disciplinar da sua actividade criativa como nos circuitos de comunicação e mercado em que se procuram inserir.
O estudo de Luís Ascenso ajuda a
validar não apenas a candidatura anunciada pela Câmara Municipal, que em breve
será objecto de apresentação prévia à Comissão Nacional da Unesco, como os
objectivos e metodologias do festival MOLDA, que em 2018 terá a sua segunda
edição.
Juri: José Luis de Almeida e Silva, Luisa Arroz Albuquerque, João Serra, Carla Cardoso |
Parabéns por esse trabalho, pois é justo esse trabalho nas Caldas da Rainha, porque sempre houve consciência e sabedoria para preservarem a identidade da Ceramica. Passei por aí no CENCAL e foi tocado pelos bons Mestres que nunca mais esqueci, Armando Correia, Herculano Elias e Ferreira da Silva. São referencias que ficam connosco para toda a nossa vida. Tenho Atelier em Ovar e estou ligado ao Azulejo e Ceramica, fazendo também outras intervenções em escultura e conservação e restauro. Abraço, Marcos Muge
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário. Felicidades. João Serra
ResponderEliminarUma investigação nunca se pode dar como concluída e sobretudo quando estão limitadas a uma linha de tempo. A cada entrevista exploratória foram dadas novas pistas de investigação e ligações a outros autores desconhecidos da lista primária de contactos.
ResponderEliminarAvaliando as produções contemporâneas e recentes, aos Mestres que faleceram podem dormir descansados, porque estes novos autores herdaram o seu modo de estar, de sentir, e de expressar e beberam o seu elixir deixam na cidade a vontade, da criação de novas formas, novos projetos, conexões de materiais impensáveis, a joalharia com a cerâmica, a cerâmica com bordados ou tricô, cerâmica com a cortiça, e outros projetos surpreendentes.